Trinta e sete quilômetros. Uma distância que pode ser feita em um dia de caminhada, em uma hora e meia de bicicleta e em pouco mais de 40 minutos de carro. Não é uma distância que impressiona, é menos que uma maratona. Mas é também a distância entre dois mundos.
Um mundo é de concreto e asfalto, que funciona. Mundo no qual os sonhos são realizados diariamente. No qual há problemas, é verdade, mas nada do outro mundo.
Este outro mundo está muito perto, mas sua realidade é outra.
Aqui, no Sol Nascente, a trinta e sete quilômetros do centro da capital federal, o concreto e o asfalto ainda não chegaram. O emprego é eventual e pouco. As casas estão incompletas. As vidas também.
Mas os sonhos existem. E são fortes. E são belos. E são muitos.
Seu João Batista sonha hoje em melhorar sua casa. Gesticula em frente à sua parede de tijolos expostos como será o acabamento e a pintura. Seus gestos são precisos, caprichosos. Sua casa idílica ficará linda.
Seu Raimundo está só. Sua esposa há quase cinquenta anos está na Paraíba, onde foi buscar seus netos. O sonho é tê-los por perto. Mas com oportunidades. Escola e emprego fazem parte desse sonho. Vão ter. E vão continuar juntos por muitos anos ainda.
Aline sonha com uma família estruturada, saudável. Já viveu o convívio com a doença, a perda de filho, o abandono do marido. É hora de viver um grande amor, uma paixão antiga que recém se revelou a ela. É hora de ter uma casa, de ter um canto para ver as crianças crescerem, estudarem, ganharem a vida e irem viver no mundo, onde os sonhos se realizam diariamente.
A Corrente do Bem Brasília faz o laço entre esses mundos. Por meio de trabalho voluntário, as famílias de João Batista, Raimundo, Aline e tantas outras, recebem visitas, doações e, principalmente, ouvidos para os seus sonhos. Todos os meses. Há mais de dez anos.
Chega a presenciar a solidariedade que pratica ser repetida entre os que a recebem. Como é o caso de Claudene, que divide a cesta básica que recebe com quem precisa. Como um sonho.
E, enquanto estes sonhos existem, existem motivos para percorrer muito mais que trinta e sete quilômetros.
Faça sua doação:
Marcelo Campos Ottoni
Doador e voluntário da Corrente do Bem Brasília
Fotos: Fernanda Ottoni