Ação no Assentamento Monteiro Lobato.
Quando os olhos falam
Saímos debaixo de sol, e toda claridade estampada no céu anunciava o quão iluminado e caloroso seria aquele dia. Carro pesado, afinal 50 cestas preparadas para serem entregues às famílias do assentamento. E, no caminho, uma Kombi indo ao nosso encontro, com 600 litros de leite a fim de cumprirem o mesmo objetivo. Veículos pesados, mas corações leves, carregando a expectativa de levar alimento físico, emocional e espiritual a vidas carentes; de sorrir com os olhos, já que os lábios estavam cobertos pelas máscaras em tempos de pandemia; de tocar com o coração, mesmo em dias de afastamento; de distribuir sentimento de preocupação e cuidado, em plenos dias de confinamento. Estávamos prontos a dar, quando fomos surpreendidos com tanto “receber.” De presente, vieram os olhinhos miúdos, alegres por vislumbrarem o anúncio de que, naquele dia ainda, haveria comida no prato. Eles cercavam o lugar, olhavam primeiro de longe, e, como quem não podia resistir, tocavam às cestas, chegavam a quase acariciá- las de forma que só pequenos costumam fazer quando em contato com seus brinquedos… Mas não, lá o motivo da festa, para todos, era outro: enfim o alimento chegara!
A família reclusa em casa, todos os dias, e com escassez de comida: essa era a realidade constante vivida. Mas, para aquele dia não: enfim o socorro chegara enviado por todos que, com corações generosos, resolveram suprir além das suas próprias necessidades. Então as crianças, compondo o cenário perfeito de generosidade, fizeram a festa, e com direito a muito sorriso, abundância de esperança e a garantia de que, mesmo vivendo em dias difíceis, ainda há lugar para o amor e a felicidade!
Está Confortável ?
Estava pensando no quanto é fácil nos acostumarmos com tudo de maravilhoso que a vida traz. Isso acontece tão rapidamente, basta experimentarmos um pouquinho do “bom e do melhor” para ficarmos PERFEITAMENTE adaptados. Se levantamos todos os dias às 6h, bastam dois dias de férias, acordando preguiçosamente às 11h, e ainda enrolando na cama até meio dia, para jurarmos que nascemos EXATAMENTE pra isso. É o nosso número certinho, sem tirar nem pôr!
E há quem chame tudo isso de acomodação… Mas como denominar de “ambiente de conforto” o que nunca confortável foi?
No entanto, chega a realidade… Ah, bendita realidade, muitas vezes cheia de tantos suores e lágrimas. Quem se acostuma com a dura labuta do dia a dia? Muitas vezes quem precisa vivê-la TODOS os dias, sem direito à folga nem a um respirar qualquer só pra pegar um fôlego. Se acostuma pra ver se dói menos ou porque não tem outra saída mesmo. Simplesmente se acostuma. E aí, vai dando um jeitinho pras coisas parecerem normais: é Bombril na antena da TV, é prego no chinelo, é tijolo para pé de cama. Deita de ladinho se o estrado está quebrado; põe uma almofada, se a mola do sofá já impede de sentar. Se não tem pão, toma só café com leite; faltou o leite, sorte grande é ainda ter o café. Enfim, são jeitinhos encontrados todos os dias, uma busca constante de fazer confortável o ambiente desfavorável. E há quem chame tudo isso de acomodação… Mas como denominar de “ambiente de conforto” o que nunca confortável foi?
Eis que, em tempos de máscaras nos rostos, vendas dos olhos são tiradas. E o que acontece por isso? Muitas pessoas, do recôndito de seus abastados ou simplesmente supridos lares, levantam-se para estenderem mãos bondosas. Mãos que, graças a Deus, não optam por “se lavarem”, omitindo- se, assim, da função solidária que podem ter. Mas estendem-se ao encontro de muitos necessitados. E todos os dias, então, acontece o milagre do amor: doações vêm de todos os lugares e vão ao encontro de muitos outros… O entorno de Brasília é abastecido por toneladas de alimento mês após mês, isso devido a ações solidárias, vindas de um grupo intitulado Corrente do Bem. Em dias de luto, luta, dor e escassez, brota, no coração de muitos, o sentimento de que: Não pode ser só pra mim! Não quero cuidar apenas dos meus! Eu quero, eu posso e eu preciso compartilhar daquilo que tenho! E assim a vida pode ser bem mais confortável… Conforto para quem recebe, mas DEFINITIVAMENTE: mais conforto ainda àquele que dá!
Pés descalços
A terra é seca, árida, exausta, e é nela que se anda de pés descalços. Faz-se isso como quem diz: Esta é minha realidade; toco-a com tudo que sou. Não busco subterfúgios nem elementos q suavizem minha dor… Piso firme, quente, duro.
No entanto, para esse quadro difícil, surgem alívios de amor. Não foram precisos choros, humilhações, pedidos de socorro expressos a fim de que se ouvisse a necessidade do outro. Mas sensíveis conseguiram escutar o grito silencioso da dor alheia, e estenderam as mãos, suprindo necessidades reais em tempo de calamidade e apreensão generalizada.
Faça sua doação:
Cestas chegaram de todos os lugares, das casas dos que tinham sobrando e da mesa daqueles que simplesmente queriam dividir. E assim uma Corrente do Bem foi formada, trazendo a chuva para um ambiente desértico; estabelecendo o frescor, o refrigério, no lugar do sol causticante e da alma inflamada.
Que sejam derramadas mais águas em lugares secos. E que possamos ser, todos nós, fontes inesgotáveis de amor e solidariedade em meio à sequidão sofrida por muitos nos dias de hoje.
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Alessandra Edver
http://www.instagram.com/lessa_edver
Lider de Visitação da Corrente do Bem Brasília / Generosidade.Org