“Queria mais uma oportunidade”, ela me disse. Caminhei para debaixo da marquise para me abrigar do sol forte da tarde e me atentei as suas palavras. “Sei que deveria ter pensando melhor, mais acho que foi um mal-entendido”.
Renata (nome fictício) é moradora do Sol Nascente. Tem dezessete anos, é uma morena de altura mediana com cabelo crespo que amarra como coque sobre a cabeça. Ela argumentava sobre a capacitação de pessoas que realizamos no mercado. Tivemos reclamações do comportamento de algumas pessoas e decidimos pausar sua participação. Ela disse que o problema não foi com ela, mas com as outras que não obedeceram aos gerentes da loja.
“Você é muito nova. Onde estão seus pais? ”, perguntei.
“Meu pai está morando no Goiás, minha mãe na Bahia. Ele morava aqui e foi embora, minha mãe não quer saber de nós, nem adianta ir para lá. ”
“Mas você vive sozinha? ”, continuei.
“Sou eu e minha filha, e agora tenho um companheiro que me acolheu”. O pai da sua filha morreu há alguns meses. Seus pais não mostraram muito interesse em tê-la por perto, não teve briga e nem desentendimento, somente desinteresse.
Sua história me remeteu a outra, que foi contada no mesmo dia e bem perto de onde estávamos. “Meus pais morreram quando eu tinha 10 anos e me trouxeram para aqui”, assim uma mulher de 32 anos resumiu a sua vida diante de mim.
Sei que eu deveria me acostumar com histórias de famílias desfeitas propositalmente ou não, mas diante das consequências que estão diante de mim é difícil aceita-las com normalidade. Os danos aos filhos são irreparáveis.
Gosto quando me procuram pedindo uma nova oportunidade. Ela não veio pedir doação, mas uma oportunidade de fazer melhor. Darei uma nova oportunidade não somente para ela, mas para todas que reconheceram a necessidade de perseverar e lutar por sua vida. Muitos desistiram de lutar, outros não, e para esses não fecharei nenhuma porta, pois muitas já foram fechadas sem nenhuma explicação plausível.
Não dá para reverter o passado, mas podemos construir um futuro com desenvolvimento e visão. Na vida da Renata podemos ver um grande futuro através de uma visão certa e realista. Ela se achega a Corrente do Bem Brasília com muita determinação para mudar de vida.
A Corrente do Bem Brasília trabalha com os cinco pilares (acolher, atender, suprir, desenvolver e capacitar). Os primeiros são muito importantes, mas a transformação de vida vem com os dois últimos. Precisamos despertar a importância deles para que possamos ver frutos em nossos trabalhos.
Assim como encontramos pessoas que menosprezam as oportunidades, outros não. Você é capaz de ser uma via de encontro de oportunidade para aqueles que precisam dela. Você pode ser um voluntário que abrirá portas para muitas outras pessoas. Pessoas precisam de você.
QUER DOAR ?
Você pode colaborar para que crianças tenham a sua primeira festinha de aniversário.
Conheça o nosso treinamento VOLUNTARIADO INTELIGENTE 2.0. São mais de 50 aulas sobre voluntariado e projeto sociais em comunidades. Clique e saiba mais sobre esse curso que mudará sua maneira de pensar sobre obra social.
Moisés Nogueira de Faria
Presidente da Corrente do Bem Brasília / Generosidade.org
@moisesnogueiraoficial