Não temos histórias fáceis.
Desde os primeiros passos em nossas ações sociais, percebi que o caminho seria árduo. Recordo-me de uma visita a uma mulher grávida, mãe de outros oito filhos, que dormia no chão de sua casa humilde. Ela recebia, de tempos em tempos, a visita de um homem casado a quem chamava de companheiro. Naquele momento, compreendi que as dificuldades que encontraríamos seriam imensas.
Nunca encontramos alguém com apenas um problema. Quanto mais mergulhamos no passado das pessoas, mais traumas, abandonos e desilusões emergem. Histórias destruídas, que começaram na infância, frequentemente envolvem crianças abandonadas, deixadas aos cuidados de parentes distantes ou forçadas a sobreviver nas ruas com as poucas opções que tinham. Uma jovem compartilhou comigo sua trajetória: ainda adolescente, foi expulsa de casa pelo pai e, sem outra saída, uniu-se a um homem para sobreviver. Agora adulta, suas memórias sombrias revelam que viveu em um verdadeiro inferno.
Inúmeras vezes, ao ouvir esses relatos, fiquei imaginando cenários tão complexos que pareciam não ter solução. Uma mulher me disse: “Perdi meus pais e, desde então, tenho crises de ansiedade.” Essa mesma mulher lutava contra o vício do marido, tentava criar suas filhas e enfrentava problemas graves de saúde.
O que fazer diante de tudo isso? Aprendi a olhar para o futuro. O passado precisa ser perdoado e deixado para trás. Não se trata de adotar um positivismo tóxico, mas de compreender que o perdão é essencial para nos libertar dos grilhões que nos prendem ao sofrimento. Precisamos seguir em frente, enfrentando as memórias dolorosas que sempre tentam nos puxar de volta. O que está por vir é infinitamente melhor do que o que ficou para trás. Todos nós temos uma segunda chance de construir uma família maravilhosa, mesmo aqueles que não tiveram essa oportunidade na infância.
Aprendi que o passado precisa ser deixado onde pertence, e situações inacabadas devem ser esquecidas. O perdão tem o poder de romper os laços que nos acorrentam ao mal. Também é importante permitir que as pessoas sigam seus caminhos e tentem reconstruir suas vidas.
E o futuro? Nisso, podemos fazer muito, e você também. Se faltaram abraços no passado, agora haverá em abundância. Se faltou apoio, estaremos presentes. Podemos fazer a diferença a partir de hoje e construir histórias mais fáceis e leves para os próximos capítulos.
