Certa vez, um amigo — sem maldade, mas com uma visão limitada — me disse:
“Faz umas atividades na comunidade, tipo artesanato e cultura. É o máximo que eles vão conseguir fazer.”
Na hora, me veio à mente: finja que ajuda, e eles fingirão que estão sendo ajudados.
Porque quando não se acredita na mudança, o que sobra é entretenimento disfarçado de ação social.
E já vimos muito disso: atividades sem propósito, projetos sem continuidade, ideias que nascem mortas.
No fundo, o que se quer não é transformar vidas, mas aparecer. Provocar uma emoção passageira, tirar uma boa foto, dizer que “fez algo” — ainda que esse “algo” não signifique nada para quem mais precisa.
A ausência de cadastro, de acompanhamento, de nome completo sequer… revela a ausência de compromisso.
Se foi só um evento, ninguém espera mais nada no dia seguinte. As promessas feitas no palco morrem junto com os aplausos.
As caravanas de doações passam todos os anos, trazendo um pouco de alegria no dia… e o mesmo vazio no dia seguinte.
No fundo, o que se vê é barulho para a câmera.
Mas a verdadeira transformação não combina com espetáculo. Ela é silenciosa, diária, invisível aos olhos apressados.
Mudar uma vida é um trabalho árduo, que exige tempo, dedicação e comprometimento de verdade.
Lembro-me de uma instituição infantil que se enchia de atividades apenas quando doadores apareciam. As câmeras mostravam uma casa cheia de crianças; os vizinhos, no entanto, sabiam da realidade: no dia a dia, elas estavam nas ruas, sem apoio, sem estrutura, sem ninguém.
Nós acreditamos na transformação real de famílias. Sabemos que não é fácil. Mas também sabemos que é possível.
Fazemos eventos, sim — porque eles atraem, geram conexão. Mas na segunda-feira, estamos lá. Cumprindo promessas, construindo projetos, trabalhando com perseverança longe dos holofotes.
Porque mudar vidas não é sobre parecer.
É sobre ser.
E estar.
Moisés Nogueira de Faria – @moisesnogueiraoficial
