Ela de joelhos lava as roupas das filhas na pia do banheiro enquanto ele queima os últimos tostões em seu vício. Sumido a quatro dias, ela se virá com seus afazeres. Seus braços estão doloridos da postura incomoda que está.
Sem dinheiro nem pra comprar uma pia de tanque, ela usa a pia do banheiro que é sua única opção. Seu sonhando tanquinho pode sair ainda nos próximos meses, com muito empenho ela vai conseguir.
Com um semblante cansado, diz que cuidar das suas filhas é menos penoso que cuidar do menino crescido que pouco contribui com sua casa.
E não é de agora que vemos esse cenário. Reuniões de assistência são compostas quase totalmente por mulheres, pois em poucos casos a presença masculina é fonte de sustento.
Costumeiramente em palestras falávamos dos tipos de resposta que ouvíamos quando perguntava sobre o homem da casa: sumiu, tá preso, tá bêbedo ou morreu. Nas fichas de cadastro, poucas registram a solteirice, eles existem, mas muitas vezes só o corpo está lá.
Aos poucos vão sendo invalidados pela família que pouco se importam com suas falas, pois sua importância vai se perdendo. Mas não deveria ser assim, ele deveria ser a força motora da casa, o supridor e protetor.
Mas ela não desistiu dele, continua lutando bravamente pelo seu casamento e a mudança de vida dele. Não quer somente um casamento firme, mas quer um homem assumindo suas responsabilidades. Já exigiu que toda os rendimentos que ele tiver seriam transferidos para a conta dela e que tudo seria mediante a sua aprovação. Sem radicalização não haverá mudanças. Ele prontamente aprovou. Ele sabe que precisa de ajuda. E a melhor ajuda que ela pode dar é sendo dura com ele.